Este estudo se propõe a refletir sobre responsabilidades e compromissos na prática da psicologia clínica interracial, através de uma investigação sobre a construção do conceito de raças e seus impactos institucionais e subjetivos para a população negra. Problematizando a branquitude e o mito da democracia racial, buscamos compreender os deveres da psicologia e suas respectivas formações diante da omissão no letramento e na conscientização da identidade racial. Revelamos que a cor sente dor, principalmente quando são as pessoas negras que tomam as brancas como marco referencial e questionamos como pode se dar a relação terapêutica entre psicólogos brancos e clientes negros, uma vez que mais de 85% dos psicólogos brasileiros se autodeclaram brancos e, de modo geral, não se percebem racializados. Afirma-se a urgência de um comprometimento com a conscientização racial na área da saúde e do ensino em que cabe à psicologia uma escuta implicada em se tornar um agente transformador da perversa realidade em que está imersa a maior parte da população brasileira.