O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre os aspectos da transmissão psíquica, sobretudo a transgeracionalidade, na prática da parentalidade. Dessa forma, pretende-se, a partir de um viés psicanalítico das relações objetais, apresentar a importância das primeiras experiências com o objeto primordial para o processo de constituição psíquica. Com base na leitura de autores como Albert Ciccone, Donald W. Winnicott e Bernard Golse, busca-se compreender a dimensão intersubjetiva como um elemento essencial da vida psíquica. O aprofundamento na temática da transmissão psíquica permite refletir sobre o papel da herança familiar e das gerações anteriores no encontro de um bebê com seus pais. Além disso, possibilita uma discussão importante acerca das representações psíquicas do bebê e das expectativas de reparação narcísica a ele impostas e como isso molda as interaçõesda díade ou tríade. Ao levar em conta o peso da pré-história do casal parental, mais especificamente suas experiências traumáticas com os próprios objetos, compreende-se o desafio imposto pela ascensão à parentalidade e a impossibilidade de transmitir e transformar suas experiências infantis em uma nova narrativa para o bebê. Isso resulta na repetição de modelos parentais que carecem de novos elementos e produzem marcas na subjetividade do infante.