O presente trabalho tem como objetivo geral compreender de que maneira as experiências de racismo afetam a conjugalidade inter-racial, tendo em vista as diferenças de identificação racial entre os parceiros. Para tal, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dois membros de um casal inter-racial entre si, composto por uma mulher branca e um homemnegro. A partir da análise dos resultados originaram-se 5 categorias, quais sejam: Racialização no casal: tornar-se branco, tornar-se negro; Ideal de brancura e mito negro; Não traga preto para essa família; O nós conjugal inter-racial e Vivência de racismo, que se desdobra em 2 subcategorias: Sutileza, relativização e parceiro assegurador e Sofrimento racial compartilhado. Conclui-se que a conjugalidade inter-racial é espaço potencial de repensar o eu racializado a partir do nós inter-racial, ao ser reconhecida a alteridade entre os parceiros. Ainda que essa modalidade de relação seja também espaço de vivenciar conflitos e tensões de cunho racial, o reconhecimento de experiências racializantes é o que torna os parceiros capazes de vivenciarem juntos o sofrimento racial que aflige um em particular, fortalecendo o vínculo de casal por meio do engajamento conjunto no enfrentamento ao racismo.