Esse trabalho se propõe a analisar o contencioso instalado entre a República Argentina e República Oriental do Uruguai em função da autorização do governo uruguaio, em 2002, à construção de duas fábricas de produção de celulose no limite fluvial dos países. As licenças ambientais garantidas aos projetos das multinacionais Botnia, da Finlândia, e ENCE, da Espanha, foram taxadas pelo governo argentino como uma violação do Estatuto do Rio Uruguai, que regula o uso das águas compartilhadas servindo como o estopim de um dos mais graves contenciosos diplomáticos já observados ao longo de todo o processo de integração sul-americano. Buscando oferecer uma nova perspectiva para a compreensão do caso, tentaremos traçar paralelos entre a crise e algumas características centrais ao desenvolvimento histórico dos mecanismos de solução de controvérsias do Mercosul.