No contexto da Guerra de 1948, Independência para os israelenses, Nakba para os palestinos, os dois povos se reconheceram como inimigos, e passaram a agir como tal. Como uma profecia auto-realizável, a lógica do primeiro encontro se transformou em um padrão de comportamento, criando uma cultura hobbesiana que se internalizou profundamente, constituindo as identidades dos povos. Seguindo a lógica de inimizade, seus conhecimentos compartilhados os levaram a considerar legítimos o ódio e a violência, o que pôde ser visto durante a Intifada. Segundo Wendt, nesse tipo de estrutura, em que a segurança física e ontológica dos agentes está em jogo, uma transformação nas relações é muito difícil. Portanto, o processo de negociação de paz entre palestinos e israelenses deve considerar como foco não só uma mudança no comportamento e interesse dos Estados, como se limitaram as tentativas da década de 1990 e início de 2000; mas uma mudança em suas identidades, considerando ainda os grupos e indivíduos que compõe a sociedade. Por isso a necessidade de desenvolver instrumentos de diálogo e promoção de confiança entre as comunidades, com o objetivo de construir um ambiente mais favorável a resolução do conflito. Caso contrário, o processo de paz estará fadado ao fracasso.