Nos últimos anos a paralisação das negociações multilaterais do regime OMC acabou por transformar os Acordos Preferenciais de Comércio (APCs) em uma alternativa para promover a liberalização comercial nos âmbitos regionais. Contudo, um tipo específico de APC tem atraído ainda mais atenção recentemente: os “Mega-Acordos” comerciais. Estes se destacam por envolverem os principais players do comércio internacional em parcerias de integração aprofundadas que abarcam uma parte expressiva dos bens, serviços e fluxos de investimentos mundiais. O amplo escopo de abrangência em termos de conteúdo e países envolvidos pode tornar os Mega-Acordos os novos fóruns de estabelecimento das disciplinas de comércio no século XXI, sobretudo à luz do impasse na Rodada de Doha. O isolacionismo brasileiro vis-à-vis a proliferação de APCs e a emergência dos Mega-Acordos vem preocupando setores da sociedade brasileira que defendem mudanças na política comercial do país. O presente artigo trabalha com a hipótese de que a atual configuração do Mercosul tem sido um entrave para uma inserção mais dinâmica do Brasil no comércio internacional. Assim, o objetivo deste trabalho é duplo: de um lado, apresentar o atual quadro de estagnação do Mercosul, e de outro, analisar possíveis alternativas para o Brasil, no âmbito do bloco, de forma a torná-lo mais eficiente para o avanço da política comercial brasileira no século XXI.