O presente trabalho tem como objetivo analisar a centralidade assumida pelo testemunho das vítimas de injustiças cometidas pelo Estado em um passado recente de autoritarismo, no que se refere à elaboração de políticas públicas de memória e reparação. Mais especificamente, buscar-seá analisar a importância da criação de um espaço de escuta às vítimas da ditadura militar no desenvolvimento da justiça transicional brasileira, considerando especialmente a experiência do projeto piloto Clínicas do Testemunho, implementado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Entende-se que a iniciativa se destaca no âmbito das reparações empreendidas pelo Estado na medida em que demonstra maior aproximação a uma concepção de reparação integral, ao garantir centralidade à elaboração de narrativas pelas vítimas sobre os sentidos do passado, contribuindo para a irrupção de novas memórias que passam a integrar o imaginário coletivo sobre o período da repressão.