Esta monografia discorre sobre o legado grego dos poemas homéricos representado pelo conceito de dom e contradom, elemento central da lei da hospitalidade, ainda presente nas relações sociais contemporâneas. A essa herança clássica acrescenta-se o percurso das diferentes acepções filosóficas do reconhecimento para o filósofo contemporâneo Paul Ricoeur, considerando-se os estados de paz. O filósofo parte do verbo reconhecer, na voz ativa, cujo significado é identificar/distinguir a coisa em si da alteridade, passando ao reconhecimento de si, que também significa identificar, mas a si próprio. Uma terceira conotação visitada pelo filósofo, focalizando a voz passiva do verbo, permite encontrar a força do legado homérico e a presença inegável da história, mediante a alusão às diferentes instâncias em que Ulisses se faz reconhecer e em que o ser reconhecido, no reconhecimento mútuo, assume, no ato de receber e no ato de gratidão que suscita, a forma última de reconhecimento: a gratidão.