É chegado o grande momento de concluir meus estudos e esforços dos últimos anos de graduação na faculdade de Desenho Industrial, projeto de produto, na PUC-Rio. E com este projeto eu encerro minha graduação. Comecei a tentar definir em que tema trabalhar há mais de um ano atrás, mas certas condições me imprediram de ir adiante e foi somente há 6 meses que retomei os esforços, ainda incerta sobre o tema a ser trabalhado. Penso que o mais difícil em um projeto de conclusão de curso é exatamente a escolha com decisão e entusiasmo, de um tema de trabalho, pois sempre queremos trabalhar com alguma coisa que tenha a ver conosco e que possa ser bem desenvolvido. É ao mesmo tempo uma questão pessoal e subjetiva quanto estritamente acadêmica. Esse involvimento pessoal com o projeto foi o que inicialmente me causou muitas dúvidas e incertezas ao ser lançado o questionamento: o que eu realmente gosto de fazer? Boa Pergunta. Para respondê-la, além dos meses de muito estudo e constante busca, decidi-me por resgatar uma questão que me encanta desde o tempo de muito criança, um constante tema de desenhos de escola, uma fantasia infantil que até hoje, nos anos mais adultos continua a me encantar: a nuvem. Sempre gostei de olhar para o céu e observá-las, sempre gostei me imaginar sentando em uma. A meu ver, essa seria a utopia maior de conforto, e apesar de ser uma idéia totalmente impossível de ser concebida no plano real, pois nuvens não são matéria sólida e se encontram em níveis muito altos no céu, o sonho continua a me encantar. Provavelmente a razão pela qual essa idéia em minha cabeça seja tão fantástica possa ser exatamente pela intangibilidade e irrealidade que ela contém. E dessa fantasia surgiu meu tema de trabalho, o conforto de se sentar. A experiência de vivenciar e se deliciar com o conforto. Minha proposta nunca foi de projetar uma cadeira ou poltrona, estes são só objetos ferramentais para o conforto que quero produzir, o conforto de se ter a impressão de estar sentado, relaxado em uma nuvem, muito longe do mundo, muito longe de todos, um escapismo mais do que saudável, desejado e necessário. Com tema então decidido, fui em busca então de inspiração quanto a forma de abordar esse conceito, tão subjetivo em teoria e tão físico na prática. Primeiro acho que também cabe avaliar que o mais importante do projeto seria o de produzir uma experiência e não um produto, o produto na verdade é a tradução dessa experiência, tendo nele seu design como a tradução também de um comportamento, levando em consideração o planejamento do espaço proposto nas necessidades do corpo (aergonomia) como também nas necessidades cognitivas das pessoas. Faz parte de meus estudos uma relação de complementação entre a tecnologia, as pessoas e o espaço tridimensional. Fui muito inspirada por uma matéria na revista Arc Design, lida antes da definição do tema, mas que de forma muito rica acrescentou à minha pesquisa, e que à seguir irei transcrever um pequeno trecho: A síntese vital entre fantasia e realidade, entre a esfera racional e emotiva: aquela que, para desenvolver-se em toda sua potência inovadora, tem necessidade de liberdade, cor, ironia, jogo, amizade, amor, introspecção e cordialidade.