O mercado de crédito é caracterizado por um racionamento de crédito no equilíbrio de longo prazo. Para Stiglitz e Weiss (1981), esse excesso de demanda decorre do fato deste mercado ser fortemente influenciado por um ambiente de informação assimétrica, que acaba por inviabilizar que o sistema de preços gere um mecanismo de perfeito equilíbrio entre oferta e demanda. Com a estabilização da economia no Brasil a partir do Plano Real, o mercado de crédito nacional pode enfim desenvolver-se. Em um ambiente com menores incertezas macroeconômicas, as instituições financeiras voltaram a ter interesses sobre o financiamento de longo prazo das famílias que, por sua vez, aumentaram a demanda por crédito no país. Para atender o apetite da população brasileira por produtos financeiros que viabilizassem a expansão do consumo de novos bens, os bancos desenvolveram novos produtos que, em parceria com as grandes redes de varejo, puderam prover crédito para esse tipo de financiamento. O objetivo deste trabalho é analisar os impactos do início de uma operação de cartões de crédito de marca própria sobre o produto mais tradicional do mercado de crédito brasileiro, o Crédito Direto ao Consumidor - CDC. Nosso foco é, portanto, examinar as conseqüências do convívio desses dois produtos de crédito sobre o comportamento da inadimplência e dos modelos de análise objetivas de concessão de crédito de CDC nos estabelecimentos varejistas no Brasil.