Em 1904, um concurso aberto pela Diretoria Geral dos Correios e Telégrafos elegeu a série filatélica criada por Eliseu Visconti (1866-1944), que no mesmo ano também produziu o Ex-Libris da Biblioteca Nacional. Nessas obras, Visconti usou vários estilos e procedimentos artísticos, sobretudo o Art Nouveau e o Simbolismo. O presente estudo objetivou a análise gráfica da obra de Visconti, enfocando a alegoria feminina, considerando a imagem dentro do contexto sócio-cultural do país na época. Busca-se, na intersecção de vários campos de investigação, compreender e identificar as imagens representadas e a simbologia, a fim de delinear uma ligação desta obra com o mundo cultural e o momento histórico em que o pintor viveu. Vale dizer que o recorte temporal, a belle époque, situa o artista no período principal de sua formação, em fins do século XIX. Uma grande questão permeou esta pesquisa: a presença da imagem feminina que monopoliza a obra de Eliseu Visconti, também nas artes gráficas, com referências simbólicas, integrando o jogo de empréstimos e influências das tradições representativas, inseridas neste novo cenário. No presente estudo, a escolha de uma metodologia de trabalho que possibilitasse ler e interpretar estas obras foi baseada na proposta metodológica do historiador da arte suíço Erwin Panofsky (1892-1963), mostrando a sua aplicabilidade também ao estudo das obras de arte decorativa. A proposta metodológica de Panofsky para analisar e interpretar obras de arte abrange três níveis de aproximação com o objeto. As análises pré-iconográfica, iconográfica e iconológica, realizadas com base em sua proposta referem-se à identificação das imagens, histórias e alegorias, contidas na obra de Visconti.