O presente trabalho buscou trazer uma melhor compreensão sobre o processo de construção do contrato psicológico dos indivíduos com as organizações no contexto atual. Este estudo focaliza um fenômeno que tem sido característico da década atual, quando se verifica um aumento considerável do número de indivíduos que se candidatam a empregos públicos. Este é um fenômeno que, de certo modo, reverte uma tendência das décadas anteriores, nas quais havia um fechamento das contratações nestas empresas e uma desvalorização da imagem do funcionário ligado ao setor público. A proposta de utilização da abordagem do contrato psicológico deveu- se ao pressuposto de que este modelo permitiria identificar fatores explícitos ou implícitos que norteavam a relação entre empresa e indivíduo, seja na construção do contrato ou mesmo na quebra das expectativas dos novos funcionários. Optou-se por desenvolver uma pesquisa exploratória baseada em entrevistas com a penúltima turma de trainees do curso de formação de Administração de uma empresa de sociedade de economia mista, do ramo de energia. Estas entrevistas foram feitas com base em questionários semi-estruturados, foram gravadas e transcritas, visando a identificar os principais motivos que estimularam a entrada destes indivíduos na empresa pública e como as experiências vividas influenciaram a sua relação com a organização. Os resultados confirmam algumas crenças popularizadas acerca da motivação dos indivíduos para escolherem um emprego estatal, destacando-se a busca por uma situação de maior estabilidade. Observa-se, também, que os participantes da pesquisa revelam uma percepção positiva do setor público, no que se refere à existência de oportunidades concretas de crescimento profissional, aliadas à possibilidade de um melhor gerenciamento da qualidade de vida. Os resultados conduziram, ainda, a proposição de um quadro de referência para a análise do processo de construção do contrato psicológico dos indivíduos com a empresa.