A crescente adoção de tecnologias digitais educacionais tem sido amplamente promovida como um caminho para a personalização da aprendizagem, especialmente em escolas privadas, onde a infraestrutura tende a ser mais favorável à sua implementação. No entanto, essa integração também levanta questionamentos sobre sua real efetividade, a autonomia docente e os desafios estruturais impostos por plataformas digitais que coletam e analisam dados pessoais. Nesse cenário, esta pesquisa buscou compreender como os professores percebem e vivenciam a personalização da aprendizagem mediada por tecnologias digitais em escolas privadas do Rio de Janeiro. O estudo teve três objetivos específicos: (1) analisar as experiências e opiniões dos docentes em relação à integração dessas tecnologias em suas práticas pedagógicas; (2) compreender suas percepções sobre o potencial e as limitações dessas ferramentas no contexto escolar; e (3) analisar suas preocupações e expectativas quanto ao uso de dados educacionais na personalização da aprendizagem. Nesse sentido, o trabalho está fundamentado em autores como Neil Selwyn (2022), Ben Williamson (2016) e Kate Crawford (2022), que questionam a padronização, a centralização de processos e os impactos éticos do uso de dados na educação. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, baseada em entrevistas com professores de escolas privadas do Rio de Janeiro. Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas com docentes que se voluntariaram a compartilhar suas experiências e percepções sobre a personalização da aprendizagem mediada por tecnologias digitais. A análise das entrevistas foi realizada à luz do referencial teórico da pesquisa, buscando identificar padrões, contradições e desafios enfrentados pelos professores na integração dessas ferramentas em suas práticas pedagógicas. Os achados evidenciam que a personalização da aprendizagem, na prática, nem sempre se traduz em maior autonomia para professores e alunos, sendo muitas vezes moldada por interesses institucionais e empresariais. Assim, sugere- se que, para que a personalização mediada por tecnologia cumpra suas promessas, é essencial investir na formação docente, no fortalecimento da autonomia pedagógica e em políticas institucionais que garantam um uso mais crítico e ético das ferramentas digitais na educação.