A tese tem como objetivo analisar a atualização de assimetrias de gênero, de geração, de raça e de classe no contexto de pandemia de covid-19 na cidade do Rio de Janeiro, e sua influência nos cuidados a pessoas idosas, em âmbito familiar. Parte-se do suposto de que estas famílias se situam entre a função de proteção, em contexto de precariedade de políticas públicas e proteção social, e a culpabilização caso os cuidados sejam considerados inadequados ou insuficientes. Neste contexto, busca-se compreender experiências e estratégias de cuidados de pessoas idosas no período pandêmico e sentidos a elas atribuídos por cuidadoras familiares O estudo reconhece que no Brasil o cuidado é organizado socialmente com base no cruzamento de opressões de gênero, geração, classe social e raça. Apreendendo que, de acordo com a posição que os agentes ocupam no universo social, são distintos os desafios, as exigências, as experiências, as concepções e os recursos de cada cuidadora familiar durante a pandemia. Para tanto, parte-se do campo das ciências sociais e do Serviço Social, e o estudo se inscreve no marco teórico da interseccionalidade. O trabalho fundamenta-se na perspectiva teórica elaborada por Pierre Bourdieu, a partir dos conceitos de habitus, campo, capital cultural e classe social. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, cujo principal instrumento para produção de dados consiste em entrevistas semiestruturadas, realizadas em janeiro de 2025, com cinco usuárias do CRAS Márcio Brotto, cuidadoras familiares de pessoas idosas e residentes no município do Rio de Janeiro. A perspectiva hermenêutica-dialética preside o processo de análise dos dados empíricos, por meio do método de interpretação de sentidos, permitindo concluir que, devido a condições objetivas de vida e condicionamentos subjetivos de existência, durante a pandemia de covid-19 as cuidadoras familiares sofreram grandes efeitos sociais e agravos na sua saúde física e, sobretudo, mental. Ainda, os resultados apontam para a relevância dos serviços de proteção social destinados às pessoas idosas e às cuidadoras, indicando a urgência do fortalecimento e ampliação de políticas públicas de cuidados.