Título: | NINGUÉM VAI SOFRER SOZINHO, TODO MUNDO VAI SOFRER: UMA ANÁLISE DA SOFRÊNCIA NO FEMINEJO A PARTIR DA OBRA DE MARÍLIA MENDONÇA | ||||||||||||
Autor: |
YKE DE CASTRO LEON |
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Colaborador(es): |
CLAUDIA DA SILVA PEREIRA - Orientador |
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Catalogação: | 18/JUN/2025 | Língua(s): | PORTUGUÊS - BRASIL |
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Tipo: | TEXTO | Subtipo: | TESE | ||||||||||
Notas: |
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Referência(s): |
[pt] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=71151&idi=1 |
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Resumo: | |||||||||||||
Há uma década, intérpretes femininas de música sertaneja ocupam os primeiros
lugares das paradas de sucesso no Brasil. Esse fenômeno combina elevado valor
comercial e ampla difusão das obras, ampliando o alcance das narrativas
propostas por essas cantoras. Ao apresentarem elementos distintivos, tanto na
estética quanto na temática, essas artistas se afastam das tradicionais intérpretes
do gênero, sendo agrupadas sob o termo feminejo. Um recurso central
identificado nesse movimento é a sofrência, elemento emocional que se
integra a uma narrativa própria e autoral. O presente trabalho investiga a
sofrência no contexto do feminejo, com foco na obra de Marília Mendonça,
conhecida como Rainha da Sofrência. Apesar do trágico acidente aéreo de
2021, que lhe tirou a vida aos 26 anos, a cantora permanece como figura
relevante no mercado da música comercial sertaneja e representa, de maneira
destacada, o feminejo. Marília inova ao evitar uma autodescrição genérica,
estabelecendo um diálogo na sua obra que valoriza a presença do outro -
geralmente silenciado - e contrapõe o eu-lírico tradicional. Ao explorar os
temas da dor, do sofrimento, da cura e da autoironia, a estética da sofrência
propõe a construção de um espaço de intimidade que se materializa na repetição
de gestos, ações e encontros, tanto internos quanto com os outros. Essa
dinâmica transforma pessoas comuns, presentes em bares e shows, em
personagens vibrantes, repletos de traços únicos, qualidades e imperfeições. A
imersão na estrutura de uma canção de sofrência destaca elementos dramáticos
nos indivíduos e suas percepções sobre seu papel no mundo e nas interações
sociais. O estudo propõe compreender como essa fusão entre sofrimento e
superação transcende os limites da música sertaneja tradicional e ressignifica as
narrativas amorosas, oferecendo uma nova perspectiva sobre o empoderamento
feminino nas canções. Ao situar o fenômeno no contexto das transformações
históricas e sociais que configuram o universo musical brasileiro, a tese
evidencia, por meio de dados quantitativos e análises qualitativas, a importância
econômica e cultural do sertanejo, sobretudo após a ascensão das plataformas
de streaming. Simultaneamente, o trabalho ressalta que, embora o feminejo
reforce a autonomia das mulheres na construção de suas narrativas, a figura
masculina ainda ocupa o centro das histórias contadas. Essa constatação aponta
para um deslocamento no ponto de vista, sem que se retire do debate central as
relações de poder que perpassam o gênero. A pesquisa baseia-se na análise das
129 músicas gravadas por Marília Mendonça em sua própria discografia,
utilizando um roteiro analítico próprio e uma abordagem metodológica mista.
Os elementos constituintes da sofrência são interpretados como uma forma
de dramaturgia que, por meio da ironia e da reflexão, transforma experiências
de luto, desilusão e contradições em narrativas de resistência e reconstrução
emocional.
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