A pandemia da COVID-19, que causou mais de 6,9 milhões de mortes em todo o mundo, revelou fragilidades graves nos sistemas de saúde e aprofundou as desigualdades estruturais, particularmente em países de baixa e média renda. No Brasil, algumas comunidades de favelas lideraram efetivamente suas respostas à crise, criando iniciativas bem-sucedidas baseadas na solidariedade e alavancando estruturas sociais existentes, muitas vezes superando os esforços liderados pelo governo e destacando o papel vital do engajamento e empoderamento da comunidade nas respostas de saúde pública. Esta tese explora estratégias para abordar emergências de saúde pública em populações vulneráveis, visando estabelecer um sistema abrangente de preparação para todos os riscos para crises futuras. O estudo se concentra em intervenções de base comunitária, incluindo medidas sociais e de saúde pública, campanhas de vacinação, comunicação de risco, gestão de infodemia, engajamento da comunidade e estudos de coorte, integrando dados de vigilância epidemiológica para mitigar o impacto da COVID-19. Essas intervenções foram implementadas no Complexo da Maré, um dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro, com mais de 140.000 habitantes. A pesquisa emprega técnicas avançadas de análise de dados, como estatística descritiva e inferência, linkage determinístico e probabilístico, Inverse Probability Weighting (IPW), análise de sobrevivência e análise de diferença em diferenças (DiD). O conjunto de dados inclui resultados de inquéritos sorológicos, dados de testes de COVID-19, notificações de casos e óbitos, registros de vacinação e dados do censo nacional. A tese, estruturada como uma coletânea de quatro artigos, demonstrou a eficácia de uma intervenção multicomponente proposta na melhoria da detecção de casos, redução da mortalidade e mitigação das desigualdades de saúde em favelas. Os resultados destacaram o impacto de estratégias adaptadas localmente, como locais de vacinação amplamente distribuídos em locais comunitários acessíveis com horários flexíveis, aumentando significativamente a cobertura de vacinação. O estudo também estabeleceu um estudo de coorte prospectivo baseado na comunidade para descrever a soroprevalência da COVID-19, características sociodemográficas e a carga da COVID-19, seguido por uma estimativa da associação de fatores socioeconômicos e carga da doença com a soroprevalência. Nossos resultados identificaram fatores sociodemográficos, geográficos e comportamentais críticos que influenciam a adesão à vacina de reforço, reforçando a importância do acesso à saúde e das condições socioeconômicas na formação dos resultados de saúde pública. Esses achados fornecem percepções valiosas para estratégias e políticas globais de saúde, particularmente na orientação da alocação de recursos e no planejamento de ações direcionadas para atender às necessidades específicas da comunidade. Além disso, eles apoiam o estabelecimento de um repositório de dados de saúde pública e fortalecem os esforços de comunicação e mobilização, fomentando a tomada de decisões baseada em dados e respostas de saúde pública, especialmente em países de baixa e média renda. Ao enfatizar o papel das intervenções baseadas na comunidade e da formulação de políticas baseadas em evidências, esta pesquisa contribui para a construção de sistemas de saúde mais resilientes e equitativos, aprimorando as capacidades de preparação e resposta para futuros surtos de doenças infecciosas.