O consumo de drogas é uma prática antiga na história, variando em função dos contextos sociais. Este estudo investiga o impacto dos processos proximais, tanto na infância/adolescência quanto na vida adulta no uso de substâncias, considerando o papel das Comunidades Terapêuticas (CTs) no acolhimento e recuperação dos indivíduos. A pesquisa qualitativa foi realizada com acolhidos(as) em CTs no estado do Rio de Janeiro. Os instrumentos utilizados incluíram o Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST) e um inventário sociodemográfico, os resultados foram tratados descritivamente. Os dados coletados nas entrevistas semiestruturadas foram analisados no software requalify.ai. A análise categorial incluiu fatores ambientais, familiares e individuais relacionados ao uso de substâncias. Os resultados indicam que a maior parte dos participantes iniciou o uso de drogas na adolescência, sendo fatores de risco a influência de pares, ambiente familiar disfuncional e histórico familiar de uso de drogas. O suporte social emergiu como um fator de proteção nas CTs, contribuindo para a redução da reincidência no uso de substâncias. Observou-se uma sobre representação de indivíduos pretos e pardos na amostra, reforçando o atravessamento racial na história do uso drogas no Brasil. Também foi identificada a escassez de CTs voltadas às mulheres e o uso frequente de práticas religiosas como recurso terapêutico. A pesquisa sugere que as relações proximais são determinantes no desenvolvimento dos transtornos por uso de substâncias. Ambientes familiares disfuncionais e a transmissão geracional da violência são fatores de risco. O acolhimento em CT pode atuar como fator de proteção. O estudo destaca a necessidade de políticas públicas inclusivas e baseadas em evidências para o tratamento e prevenção do uso de drogas no Brasil.