Na última década, desde a adoção da Política Externa Feminista pela Suécia em 2014, o grupo de Estados que buscam articular visões de gênero e promover os direitos das mulheres e meninas tem crescido constantemente. Embora o feminismo e a igualdade de gênero estejam vivenciando um renascimento discursivo nas políticas internacionais, o significado de seus termos continua indefinido, com diferentes atores políticos se utilizando de termos semelhantes mas com entendimentos bastante divergentes. Nas Políticas Externas Feministas (PEF), a influência de concepções do Norte Global e da agenda liberal, levantam questionamentos sobre a possível cooptação dos feminismos sem uma transformação das estruturas de poder. Com base na premissa de que políticas e identidades são co-constituídas por práticas discursivas, esta dissertação analisa, os textos de apresentação das políticas externas feministas da Suécia e do Chile, e como essas políticas articulam vocabulários feministas. Através do método What s the problem represented to be (WPR), de Carol Bacchi, investigo quais são os problemas representados nessas PEFs e como suas soluções articulam vocabulário de igualdade de gênero e feminismo. Explorando casos do Norte e Sul Global, esse trabalho busca responder a pergunta Quais são as dinâmicas do encontro entre política externa e as noções de feminismo e igualdade de gênero?, avaliando como os feminismos têm sido utilizados em nome de interesses políticos, e identificando as janelas de oportunidade de transformação social.