O desenvolvimento urbano experimentado nas primeiras décadas do século XX em Bangu, um bairro localizado no subúrbio da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, foi muitas vezes compreendido como um fruto direto da implementação da Companhia Progresso Industrial do Brasil na região, em 1889. Em perspectiva diversa, esta dissertação investiga o processo de ocupação e consolidação do bairro a partir das experiências de seus diferentes grupos de moradores, sejam aqueles que já habitavam a localidade no momento da fundação da fábrica ou os que chegaram depois para trabalhar nela. Focado no período de afirmação urbana da região, que se estende até o final da década de 1920, este trabalho busca compreender como os moradores de Bangu, em sua diversidade, foram agentes ativos no processo de transformação e consolidação do território, apropriando-se dele de diferentes maneiras. Para isso, serão analisadas tanto as disputas entre os trabalhadores e a direção da fábrica quanto as tensões e conflitos que marcaram a conivência de grupos diversos naquele território no estabelecimento de suas redes de solidariedade e diferença – de modo a compreendermos melhor como se deu a construção social de Bangu a partir de perspectivas que extrapolem aquelas da fábrica e de seus diretores.