Esta pesquisa tem como objetivo investigar o Letramento Racial – compreensão crítica das dinâmicas raciais e suas implicações sociais, capacitando indivíduos a reconhecer, questionar e combater o racismo estrutural – e a Pigmentocracia – uma das manifestações racistas que considera a cor da pele um importante fator de estratificação social –, tópicos que emergem nas narrativas de ex-alunos negros de pele clara da graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Nessas narrativas, nos debruçamos sobre como os participantes constroem suas identidades raciais e como tais identidades, na interação social, geram reflexões sobre o desenvolvimento de multiletramentos, em especial o Letramento Racial Crítico e o Letramento de Reexistência, como uma presença contínua na universidade. O referencial teórico desta pesquisa, guiada pela metodologia qualitativa-interpretativista, baseia-se em categorias derivadas da Análise de Narrativa, o que nos permite priorizar uma perspectiva microssocial dos relatos trazidos nas entrevistas semiestruturadas, realizadas com três participantes. As interações que se desenvolvem reforçam e ao mesmo tempo afrouxam arranjos sociais, que se tornam visíveis como resultado da prática narrativa. Assim, as análises nos direcionam para as práticas identitárias de ex-alunos negros de pele clara da PUC-Rio e aos conflitos discursivos em torno do racismo em uma instituição elitista, predominantemente branca, e localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, bem como apresentam a importância dos efeitos do letramento racial no cotidiano profissional desses estudantes.