O campo da tecnologia nuclear tem sido predominantemente dominado por homens, resultando na omissão ou exclusão das contribuições das mulheres e sua participação integral nas atividades relacionadas. Apenas após a Guerra Fria (1947- 1991), o gênero ganhou relevância como categoria de análise nas Relações Internacionais, o que levou a considerações sobre inclusão e participação de mulheres nas políticas internacionais. Nesse contexto, a transversalização de gênero das Nações Unidas tornou-se estratégia globalmente reconhecida na promoção da igualdade de gênero. Esta dissertação discute criticamente a elaboração e a implementação dessas estratégias no âmbito da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entre 2009 e 2023. Interroga-se como a AIEA implementa a transversalização de gênero como estratégia de transformação político-institucional no setor nuclear. Diante desse questionamento, partir-se-á do seguinte argumento: é possível verificar que a AIEA tem implementado gradativamente as políticas de transversalização de gênero, especialmente quanto ao investimento na construção de capacidades, seja por medidas voltadas para o treinamento e capacitação de funcionárias ou investimento em novas gerações de mulheres por meio de programas educacionais. Para responder a essas indagações, inicialmente foram analisados relatórios da AIEA entre 1958 e 2021. A análise também se baseia em pesquisas acadêmicas, interações e conversas online com funcionários de diversos níveis hierárquicos da organização. A conjunção de tais análises permite concluir que a AIEA norteou a política institucional para a educação, com a promoção de bolsas de mestrado para mulheres, como meio de acesso à igualdade de gênero, em longo prazo.