Título: | O PARAÍSO VISTO DO NORTE: RAÇA E DIREITO NAS COMPARAÇÕES ENTRE BRASIL E ESTADOS UNIDOS (1833-1947) | ||||||||||||
Autor: |
BRUNA PORTELLA DE NOVAES |
||||||||||||
Colaborador(es): |
FRANCISCO DE GUIMARAENS - Orientador |
||||||||||||
Catalogação: | 16/MAI/2023 | Língua(s): | PORTUGUÊS - BRASIL |
||||||||||
Tipo: | TEXTO | Subtipo: | TESE | ||||||||||
Notas: |
[pt] Todos os dados constantes dos documentos são de inteira responsabilidade de seus autores. Os dados utilizados nas descrições dos documentos estão em conformidade com os sistemas da administração da PUC-Rio. [en] All data contained in the documents are the sole responsibility of the authors. The data used in the descriptions of the documents are in conformity with the systems of the administration of PUC-Rio. |
||||||||||||
Referência(s): |
[pt] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=62548&idi=1 [en] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=62548&idi=2 |
||||||||||||
DOI: | https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.62548 | ||||||||||||
Resumo: | |||||||||||||
Quadros comparativos entre as relações raciais no Brasil e nos Estados
Unidos abundam no campo dos estudos raciais e da história comparada. Mas a
prática de comparar essas duas sociedades transborda o meio estritamente
acadêmico. Elaborar uma visão sobre o local a partir de comparações com outras
porções do mundo é uma prática comum à circulação atlântica de sujeitos e ideias.
Assim, é possível encontrar discursos que sistematicamente opõem Brasil e Estados
Unidos desde o século XIX, cujas autorias são bastante diversas. Esta tese busca
mergulhar nesse universo comparativo a partir de um fio condutor específico: as
visões norte-americanas de um paraíso racial brasileiro. O paraíso racial consiste na
miragem de uma idílica sociedade com duas grandes características: um sistema
escravista mais suave e a ausência de barreiras raciais legais. Perseguir a história
dos coautores do paraíso racial significa, portanto, adentrar a longa história da
democracia racial, que remonta a dinâmicas que antecedem a sua nomeação e
posterior denúncia como mito. A partir da revisão bibliográfica e do acesso a fontes
primárias – como imprensa, cartas e discursos – foram identificados e analisados
sujeitos históricos produtores dessa visão do Eldorado brasileiro. Esses
interlocutores da tese estão dispostos em quatro grandes tempos, entre 1833 e 1947:
começando pelos abolicionistas imediatistas do pré-Guerra Civil, em 1833; a
seguir, os abolicionistas do pós-Guerra Civil, em 1865; na década de 1920, são
evocados os ativistas negros entusiastas da migração para o Brasil; por último,
atravessando a década de 1920 até 1947, estão Gilberto Freyre e Frank
Tannenbaum, responsáveis por uma consolidação científica do paraíso racial. O
amplo recorte se volta aos momentos de criação e sedimentação da ideia de
democracia racial, antes da sua crescente derrocada, na segunda metade do século
XX. O objetivo é analisar de que forma esses sujeitos, ao retratarem o Brasil como
um paraíso racial, apresentavam os aspectos jurídicos dessa sociedade idílica. De
pronto se conclui que as duas dimensões caracterizadoras do paraíso racial estão
bastante intrincadas com o direito. Por um lado, a noção de escravidão suave se
sustenta na notícia de uma elevada taxa de alforrias, que teria sido possibilitada por
normas e instituições sistematicamente favoráveis à liberdade. Por outro lado, a
imagem de uma sociedade na qual negros e negras livres não possuiriam diante de
si qualquer barreira racial frequentemente usa como parâmetro a ausência de lei
impeditiva do acesso a cargos militares, eclesiásticos e políticos. Mas além do
endosso, durante a longa trajetória dos discursos estadunidenses sobre paraíso racial
houve movimentos de contestação dessa mesma imagem, e neles a crítica jurídica
se mostrou um argumento central. A partir da polivalência estratégica dos discursos,
entendeu-se que direito e raça foram associados por sujeitos num amplo espectro
político e, ainda que os sinais táticos fossem invertidos, elementos de continuidade
permaneceram.
|
|||||||||||||
|