Esta tese se propõe a refletir sobre o papel das mídias no acesso e no incentivo à prática de esportes competitivos por parte de jovens atletas no Brasil. Argumenta-se que, em períodos próximos à realização de cada edição dos Jogos Olímpicos, os meios de comunicação costumam exaltar a necessidade de obtenção de mais apoio ao esporte, desde os anos iniciais da prática, porém, não sustentam esta posição com ações efetivas durante os anos que os sucedem. A mídia (ou a visibilidade midiática) é observada no contexto da construção, da implementação e da manutenção de projetos políticos, culturais e sociais que, por sua vez, afetam projetos de indivíduos ou grupos específicos; ao fazer parte de ações coletivas junto a outros atores sociais, chama atenção o papel da visibilidade midiática na obtenção de resultados positivos em termos de reconhecimento institucional, financiamentos, incentivos e oportunidades em geral provenientes do poder público, da iniciativa privada e da sociedade como um todo. Representação midiática e representatividade social, portanto, são aqui considerados temas bastante interligados. O problema da pesquisa foi identificado a partir de um trabalho de campo preliminar, acompanhando o dia a dia de treinos e competições da natação de base do Rio de Janeiro, e, também, de uma análise realizada em mídias diversas, entre veículos de comunicação de massa, websites e redes sociais de instituições gestoras deste esporte, além de materiais de comunicação inerentes aos clubes esportivos locais – todos, explicitados ao longo do estudo, onde também se procura enfatizar: (a) sua fundamentação teórica em trabalhos sobre a construção social e midiática do conceito contemporâneo de juventude (Groppo, 2000; Pais, 2003; Rocha e Pereira, 2009), e no que é referenciado como a política cultural do esporte (Carrington, 2009), (b) sua possível contribuição no sentido de ampliar o campo das pesquisas brasileiras dedicadas às relações entre a comunicação e os esportes (Helal e Mostaro, 2020), e (c) seu potencial para colaborar, pelo viés dos estudos de mídia, com a construção de políticas públicas e privadas que incentivem e ampliem a prática de esportes competitivos - e da natação, em especial – por jovens atletas, no Rio de Janeiro e no Brasil. A metodologia utilizada se inspira nas propostas de (auto)etnografia analisadas por Carrington (2008) e Pereira (2019), e na construção de questões de pesquisa a partir da noção de artesanato intelectual descrita por Mills (1975). A ideia de realizar uma pesquisa complementar nos Estados Unidos surgiu a partir do trabalho de campo preliminar no Brasil, quando este país foi unanimemente citado, em entrevistas e conversas informais com integrantes do meio da natação competitiva, como referência na formação de atletas de base. Os achados deste estudo apontam para a contribuição da mídia em três esferas principais: 1) facilitar o acesso de jovens à prática esportiva; 2) estimular a continuidade do atleta no esporte competitivo; e 3) divulgar e incrementar o ambiente de suas competições.