Título: | AUTONOMIA E SUJEIÇÃO NA APORIA DA MODERNIDADE JAPONESA: REPRESENTAÇÕES DO CORPO VIOLADO COMO EXPRESSÃO POLÍTICA | ||||||||||||
Autor: |
MARCIA REGINA CASTURINO |
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Colaborador(es): |
MAURICIO BARRETO ALVAREZ PARADA - Orientador |
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Catalogação: | 08/ABR/2021 | Língua(s): | PORTUGUÊS - BRASIL |
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Tipo: | TEXTO | Subtipo: | TESE | ||||||||||
Notas: |
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Referência(s): |
[pt] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=52108&idi=1 [en] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=52108&idi=2 |
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DOI: | https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.52108 | ||||||||||||
Resumo: | |||||||||||||
Esta tese relaciona os debates sobre modernidade, cultura e revolução na perspectiva das representações do corpo violado e sexualizado, e explora as repercussões de tais debates na chamada temporada política do Japão pós II Guerra Mundial. Especificamente, a análise se detém na problematização das esquerdas revolucionárias pelo cinema de Oshima Nagisa (1932-2013), reconhecido como mentor do Nuberu Bagu (a nouvelle vague japonesa), e de Wakamatsu Koji (1936-2012) e Adachi Masao (1939-), da vertente erótica/pornográfica Pinku eiga. Cineastas cuja produção foi orientada pela fusão de política, sexo e violência, e marcada pelo ativismo dos movimentos pró-democracia a partir dos anos 1950 — suplantado no início dos 1970, quando o país se
converteu em uma potência econômica mundial. O debate sobre a aporia da modernidade japonesa, fundado na persistência de vestígios agonizantes pré-capitalistas em uma sociedade capitalista, produziu diversas narrativas antagônicas no decorrer do século XX. Dentre elas, a que refutava a subordinação cultural ao Ocidente deu respaldo ao imperialismo ultranacionalista na guerra que dilapidou o país. Em decorrência do processo de democratização e desmilitarização durante a ocupação do Japão pelos EUA (1945-1952), e dos conflitos que vieram com sua consecutiva reversão, as discussões sobre a modernidade se multiplicaram no conturbado pós-guerra. A abolição dos poderes políticos do imperador Hirohito, que foi levado a abdicar publicamente de sua condição divina e a assumir-se como simples mortal, foi a mais impactante das mudanças realizadas no período. Ao declarar a derrota do país e a sua carnalidade, o imperador implodia a força do Kokutai, o corpo-nação, que organizava todo o sistema simbólico nipônico. Nos primeiros anos da ocupação, escritores como Sakaguchi Ango (1906-1955) e Tamura Taijuro (1911-1983), referências da literatura carnal na cultura subterrânea kasutori, exaltavam o corpo carnal (nikutai) como contraposição ao corpo-nação (Kokutai). De fato, a literatura carnal foi uma das diversas expressões do pós-guerra que, em dissonantes abordagens, reverenciaram o nikutai e o shutaisei. Nela, a decadência e a imoralidade eram defendidas como base para uma apreensão mais realista da precariedade humana, para a construção de uma nova ética, subjetiva e autônoma (shutaisei), e como condição para o acesso ao moderno. O filósofo político Maruyama Masao (1914-1996), um dos mais conhecidos modernistas defensores da ética do shutaisei, posicionava a literatura carnal, no entanto, na contramão de um Japão democrático e culto (ou moderno), já que as representações sensuais e violentas expressavam justamente a natureza que deveria ser superada. Isto é, as abordagens da sexualidade, da crueldade e da perversão, embora reivindicassem o moderno (ou a recusa da autoridade do Kokutai), remetiam à sensibilidade nativa pré-moderna. O que sugere que a aporia da modernidade na desintegração do pós-derrota era expressa na ambiguidade da apreensão política do shutaisei. Noção que seria central na formação do sujeito político vinculado aos movimentos pró-democracia e na expressão das vanguardas artísticas dos anos 1950 ao início dos 1970.
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