Entre 1911 e 1937, o escritor austríaco Robert Musil publicou ensaios com regularidade em algumas das principais revistas e jornais literários em língua alemã. A análise desse conjunto de textos permite reconhecer na trajetória do escritor não apenas a transformação do seu pensamento, mas também a dilatação da ideia do ensaio, de um modelo literário, para ensaísmo, um paradigma para ação. Esse processo ganha corpo nos anos 1920, quando começa a escrever O Homem sem Qualidades, no qual os impasses da modernidade são encenados através personagens, enredos circunstâncias. Não há, contudo, uma saída, uma solução. Levar a sério a postura ensaística significa, afinal, viver em acordo com essa incompletude. Musil, o autor que um dia esteve entre os mais promissores de sua geração, morre esquecido no exílio, escrevendo diariamente um livro que não poderia ter fim. Combinando a leitura da experiência biográfica com a ideia de aspiração, a ideia da tese é propor o fracasso como uma chave de leitura da obra de ensaística do escritor.