Estudar o livro à luz da Antropologia do Consumo figura um caminho curioso para compreender os valores da cultura, tomando como base a trajetória deste objeto que, uma vez amplamente circulado, marca o desejo da sociedade em alcançar a universalidade da comunicação – função atribulada à leitura -, mas que assume, ao longo de sua carreira , novos rumos e relações. Na sociedade contemporânea, em meio à era da informação (efêmera), observa-se que o livro, a partir da força de sua materialidade, carrega significados culturais cristalizados, atua como símbolo de valores nobres e participa como elemento importante de um sistema de significação e classificação social. Trazendo como objeto de investigação este bem material complexo, para uma análise além de seu conteúdo literário, a presente pesquisa busca apreender a parte legível de sua forma material. Considerando que o alto valor de culturalidade do livro está, muitas vezes, acima de sua função primordial, busca-se, portanto, compreender sua especificidade como objeto e refletir acerca das relações de consumo estabelecidas, partindo de uma revisão bibliográfica nos campos do consumo e da abordagem da cultura material; da análise das representações deste bem cultural no discurso midiático; e da identificação dos diferentes usos deste artefato no campo decorativo - percurso pontuado por entrevistas com leitores assíduos e arquitetos da mostra de arquitetura Casa Cor Rio, e pela aplicação de um questionário a jovens e adultos de classes sociais variadas, viabilizando novas reflexões ou elucidando as anteriores.