Título: | TRÁFICO E GÊNERO: A MORALIZAÇÃO DO DESLOCAMENTO FEMININO | ||||||||||||
Autor: |
EBE CAMPINHA DOS SANTOS |
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Colaborador(es): |
SONIA MARIA GIACOMINI - Orientador |
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Catalogação: | 12/ABR/2013 | Língua(s): | PORTUGUÊS - BRASIL |
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Tipo: | TEXTO | Subtipo: | TESE | ||||||||||
Notas: |
[pt] Todos os dados constantes dos documentos são de inteira responsabilidade de seus autores. Os dados utilizados nas descrições dos documentos estão em conformidade com os sistemas da administração da PUC-Rio. [en] All data contained in the documents are the sole responsibility of the authors. The data used in the descriptions of the documents are in conformity with the systems of the administration of PUC-Rio. |
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Referência(s): |
[pt] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=21456&idi=1 [en] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/projetosEspeciais/ETDs/consultas/conteudo.php?strSecao=resultado&nrSeq=21456&idi=2 |
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DOI: | https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.21456 | ||||||||||||
Resumo: | |||||||||||||
O tráfico de pessoas vem ocupando o debate nacional e internacional,
expressando a preocupação de diversos países através da criação de legislações e
políticas de enfrentamento e combate a este crime de violação de direitos
humanos. As mulheres aparecem como as principais vítimas em estatísticas
oficiais e em diversos estudos e pesquisas, que divulgam dados alarmantes, o que
vem subsidiando a criação de aparatos de repressão a este crime transnacional,
mas também de ações de proteção e de controle sobre as mulheres quando em
deslocamento. Em nome da proteção e prevenção ao tráfico de mulheres, acaba-se
reproduzindo relações de poder, que recolocam a mulher, no processo migratório,
como vulnerável, submissa e indefesa, deixando invisível sua autonomia, anseios
e desejos, como protagonista na construção de sua própria identidade e história. A
mulher aparece ora como vítima, o que não necessariamente lhe garante efetiva
proteção, ora como subversiva, quando identificada ou associada à prostituição
voluntária ou a migração irregular. Este estudo vem trazer à reflexão o
conhecimento já construído sobre o tráfico de mulheres, mas também lacunas,
divergências e ambiguidades, mediante a análise dos diferentes paradigmas
presentes no debate e nas ações contra o tráfico. A interseção entre as temáticas do
tráfico de mulheres e a migração feminina internacional, permite situar o tráfico
não como fenômeno isolado. Ao contrário, o tráfico ganha nova dimensão quando
pensado dentro dos processos migratórios contemporâneos, no contexto da
globalização e da reestruturação produtiva, que impulsionam milhares de pessoas
e em específico, mulheres, a se deslocarem pelo mundo à procura de melhores
oportunidades de vida e trabalho. Esta visão mais ampla permite a compreensão de aspectos econômicos, políticos, culturais e sociais que irão favorecer a
existência e permanência do tráfico de mulheres. A pesquisa de campo realizada
trouxe a trajetória de cinco brasileiras e suas experiências de emigração, desde a decisão de migrar até o retorno ao Brasil, identificando a diversidade de situações,
expectativas, sonhos, amores e desamores, temores e sofrimento diante de
situações de violência, inclusive do tráfico. O objetivo da pesquisa de campo foi
investigar como estas mulheres percebem e resignificam sua história de
deslocamentos, identificando a existência de fatores que as colocaram em
situações de risco pessoal e social e de violação de direitos. Outro aspecto
observado foi como estas mulheres percebem as ações dos diversos sujeitos
(Estado, organizações da sociedade civil, família, amigos, grupos criminosos e
outros) e as estratégias utilizadas por elas na superação das dificuldades e nas
interrupções das violações. Por fim pretendeu-se com este estudo repensar certos
conceitos e ações no enfrentamento ao tráfico de mulheres, evitando a construção
de verdades, e a reiteração de alguns estereótipos, entre eles o da mulher
vítima em perigo ou fora de lugar, perigosa, porque deslocada do universo da
família, da casa, da pátria, das redes de apoio e proteção nas quais a mulher
poderia idealmente experimentar sua condição de gênero. Ao contrário, a intenção
foi de trazer algumas ambiguidades presentes no tratamento da complexidade
deste tema, a fim de subsidiar novos debates.
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