Não há consenso a respeito do que significa e implica a formação cidadã nas escolas, como também não existe clareza na forma em que o exercício da cidadania poderia contribuir à superação das desigualdades sociais. A partir dos postulados de Lazar (2013), buscamos compreender as características e os anelos dessa formação cidadã no planejamento educacional, analisando o discurso dos segundos Planos Nacionais de Educação (PNE) de Brasil e da Colômbia, por serem estes documentos estatais que pretendem reger as politicas e ações educacionais do decênio. A metodologia de Análise Crítica do Discurso (ACD), formulada por Fairclough (2003), permitiu-nos identificar os múltiplos propósitos dos PNE, os atores que participaram na construção dos documentos, e as características da cidadania. A ACD mostrou grande adequação para a análise de políticas públicas educativas. Encontramos que os dois PNE compartem a maioria dos valores da cidadania e que esses valores são anelos das comunidades políticas desde a antiguidade, que perduram e se sofisticam nas sociedades modernas. Isto desafia o carácter contextual da cidadania e sugere um funcionamento eficaz das tecnologias de governo (Foucault, 1970). Os principais aliados da cidadania na Colômbia são a paz e a convivência, e no Brasil a formação para o trabalho. Chamou nossa atenção que a cidadania, por momentos, funcionasse como um significante vazio (Laclau; Mouffe, 1987) e quase sempre fosse intercambiável com a democracia. Há grandes diferenças no papel que desempenharam especialistas da educação e docentes em cada processo e documento. Ademais de servir de instrumento de planejamento, os PNE mostraram intenção didática e publicitária.