[en] HORTO FLORESTAL: MESSAGE ABOUT A SOCIO-ENVIRONMENTAL CONTROVERSY

[pt] HORTO FLORESTAL: RECADO SOBRE UMA CONTROVÉRSIA SOCIOAMBIENTAL

[pt] JOAO PEDRO SADDI CABRAL DE MENEZES

[pt] ECOLOGIA

[pt] POPULACAO TRADICIONAL

[pt] ETNOGRAFIA

[pt] ANTROPOLOGIA

[en] ECOLOGY

[en] TRADITIONAL POPULATION

[en] ETHNOGRAPHY

[en] ANTHROPOLOGY

[pt] Esta dissertação é o resultado de uma pesquisa, desenvolvida desde 2022, que investigou os conflitos e dinâmicas socioambientais que atravessam a Comunidade do Horto Florestal ao longo de sua história. Mostramos como a comunidade se formou contando com a presença heterogênea de grupos e coletivos que ocuparam essa região, deixando um legado de memória e ancestralidade atravessado pela relação com a mata atlântica da região. Sejam os remanescentes de quilombos, os operários fabris ou até os descendentes diretos de trabalhadores de instituições como Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (IPJBRJ), observamos como a comunidade se constituiu a partir do seu histórico de luta e resistência, em defesa da moradia e da floresta na qual está imersa. Nossa pesquisa combina uma abordagem de revisão bibliográfica e de estudo de material de arquivo, com trabalho de campo junto à comunidade, convivendo com os moradores, recolhendo seus relatos e participando das atividades socioambientais organizadas por eles. Argumentamos que, entremeado à sua luta, a comunidade produz um contra-modelo ecológico próprio, que se contrapõe e desafia concepções tradicionais sobre o tema da conservação ambiental. Esse contra-modelo encontra ressonância nas ecologias ferais (Tsing, 2015; 2019), que emergem das ruínas de tempos como o nosso, de catástrofes climáticas e Antropoceno. Investigamos, por fim, como esse contra-modelo está intimamente ligado a um conjunto de saberes e técnicas herdadas de seus antepassados e que foram desenvolvidas nos interstícios do domínio colonial na região do Horto, no que podemos conceber como práticas de contraplantation (Bulamah, 2022). As brechas camponesas (Cardoso, 1978), os terrenos de provisão (Bulamah, 2022) e os jardins crioulos (Ferdinand, 2022) do passado foram, aos poucos, se constituindo em uma verdadeira ecologia da jardinagem, do roçado e do manejo, com seus efeitos ferais diversos (Tsing, 2022; 2023) e com sua capacidade de tecer histórias humanas e outras que humanas de forma entrelaçada. É essa ecologia da jardinagem que acaba por se constituir como a via privilegiada para a defesa e manutenção da comunidade, seu modo de vida e especificidade cultural, assim como da preservação da floresta que a circunda.

[en] This dissertation is the result of research carried out since 2022, which investigated the conflicts and socio-environmental dynamics that have crossed the Horto Florestal community throughout its history. We show how the community was formed with the heterogeneous presence of groups and collectives that occupied this region, leaving a legacy of memory and ancestry crossed by the relationship with the region s Atlantic forest. Whether they are descendants of quilombos, factory workers or even the direct descendants of workers from institutions such as the Rio de Janeiro Botanical Garden Research Institute (IPJBRJ), we can see how the community was formed from its history of struggle and resistance, in defense of its housing and the forest in which it is immersed. Our research combines an approach based on a literature review and the study of archive material, with fieldwork in the community, working with the residents, collecting their stories and participating in the socio-environmental activities they organize. We argue that, in the midst of its struggle, the community is producing its own ecological counter-model, which opposes and challenges traditional conceptions of environmental conservation. This counter-model resonates with feral ecologies (Tsing, 2015; 2019), which emerge from the ruins of times like ours, of climate catastrophes and the Anthropocene. Finally, we investigate how this counter-model is closely linked to a set of knowledge and techniques inherited from their ancestors and which were developed in the interstices of colonial rule in the Horto region, in what we can conceive of as counter-plantation practices (Bulamah, 2022). The peasant gaps (Cardoso, 1978), the provision plots (Bulamah, 2022) and the creole gardens (Ferdinand, 2022) of the past were gradually constituted into a veritable ecology of gardening, swidden cultivation and handling, with its diverse feral effects (Tsing, 2022; 2023) and its ability to weave human and other-than human histories together. It is this ecology of gardening that ends up being the privileged way of defending and maintaining the community, its way of life and cultural specificity, as well as preserving the surrounding forest.

FELIPE SUSSEKIND VIVEIROS DE CASTRO

GABRIEL BANAGGIA DE SOUZA

LAURA OLIVIERI CARNEIRO DE SOUZA

FELIPE SUSSEKIND VIVEIROS DE CASTRO

RODRIGO CHARAFEDDINE BULAMAH

2025-10-02

2025-04-25

[pt] TEXTO

application/pdf

PORTUGUÊS

https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=73335@1

https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=73335@2

https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.73335