[pt] O JARDIM DE EPICURO: ENSINO, AUTOSSUFICIÊNCIA E CELEBRAÇÃO

[en] THE GARDEN OF EPICURUS: TEACHING, SELF-SUFFICIENCY AND CELEBRATION

[pt] REBECA FIGUEIRA MARTINS

[pt] ENSINO

[pt] SISTEMA FILOSOFICO

[pt] COMUNIDADE

[pt] JARDIM

[pt] EPICURO

[en] TEACHING

[en] PHILOSOPHICAL SYSTEM

[en] COMMUNITY

[en] GARDEN

[en] EPICURO

[pt] Epicuro realizou um diagnóstico de seu tempo e identificou a existência de concepções equivocadas sobre a morte, os deuses e os desejos. As opiniões que produziam tais equívocos eram cultivadas na cidade para manipular a ação de seus viventes, sob uma égide temerosa e reativa. Por antítese a essas, Epicuro investigou a natureza, a fim de atingir um conhecimento de acordo com os seus padrões. Da compreensão dos limites da natureza e das instruções éticas para viver alinhado a ela, deriva-se um manual da vida prática. Nesse contexto, é embutida uma dimensão comunitária ao epicurismo, capaz de modificar o modo de ser e de viver de seus discípulos, sobretudo, pela fundação de uma comunidade que lhes serviu de casa e escola. O Jardim surgiu como uma alternativa à cidade e foi uma confraria onde os amigos-discípulos podiam realizar os objetivos mais práticos da doutrina, para alcançar uma vida feliz. O objetivo deste texto está em apresentar ao menos três tipos de práticas ou atividades básicas – acerca do (1) ensino, da (2) autossuficiência e das (3) celebrações – que podemos entender como próprias da comunidade epicurista, uma vez que instanciam um modo de vida derivado de uma pragmateía, de um sistema filosófico cuja finalidade é o alcance do prazer, da ataraxía e da aponía. O modo de vida vigente no Jardim e suas regras de conduta expressam, mais objetivamente e a título de exemplo, a existência de relações que tinham como base a senioridade e a amizade, e que se realizavam a partir de atividades como as de meditações coletivas, de plantio e cultivo de alimentos e de celebrações. Elas foram capazes de garantir a satisfação dos desejos naturais e necessários ao sábio, reforçando um tipo de confiança e, por consequência, de segurança, propriamente epicuristas.

[en] Epicurus carried out a diagnosis of his time and identified the existence of mistaken conceptions about death, gods and desires. The opinions that produced such mistakes were cultivated in the city to manipulate the actions of its inhabitants, under a fearful and reactive aegis. In antithesis to these, Epicurus investigated nature in order to achieve knowledge in accordance with his standards. From understanding the limits of nature and the ethical instructions for living in line with it, a manual for practical life is derived. In this context, a community dimension is embedded in Epicureanism, capable of changing the way of being and living of its disciples, above all, through the founding of a community that served as their home and school. The Garden emerged as an alternative to the city and was a fraternity where friends-disciples could achieve the most practical objectives of the doctrine, to achieve a happy life. The objective of this text is to present at least three types of basic practices or activities –about (1) teaching, (2) self-sufficiency and (3) celebrations – that we can understand as typical of the Epicurean community, since they instantiate a way of life derived from a pragmateía, from a philosophical system whose purpose is the achievement of pleasure, from ataraxía and aponía. The current way of life in the Garden and its rules of conduct express, more objectively and by way of example, the existence of relationships that were based on seniority and friendship, and that were carried out through activities such as collective meditations, of planting and growing food and celebrations. They were able to guarantee the satisfaction of the wise man s natural and necessary desires, reinforcing a type of trust and, consequently, security, which is truly epicurean.

2024-08-23

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