O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) apresenta duas escalas cujo propósito é o de quantificar a ansiedade enquanto estado (IDATE-E) e a ansiedade enquanto traço (IDATE-T). O estado de ansiedade consiste numa condição cognitivoafetiva transitória enquanto que o traço de ansiedade representa uma característica mais estável da personalidade. Vários estudos indicam que estrutura latente da escala IDATET apresenta dois fatores. Diferentes interpretações destes dois fatores têm sido levantadas. Uma delas aponta para um fator composto por itens com conteúdo semântico que expressam a presença de ansiedade, tensão ou preocupação enquanto que o outro fator parece estar relacionado com itens cujo conteúdo semântico expressa a ausência de ansiedade, tais como tranqüilidade, estabilidade e satisfação. Entretanto, outros estudos sugerem que um destes fatores estaria mais diretamente relacionado à depressão. Frente a esta discussão, o propósito do presente estudo foi o de reavaliar a estrutura fatorial desta escala a partir de três amostras brasileiras com características distintas: a) estudantes de duas Universidades da cidade do Rio de Janeiro; b) estudantes do último ano do ensino médio da cidade de Brasília; c) militares em processo de avaliação. Os resultados indicaram a existência de estruturas fatoriais distintas do IDATE-T em função da amostra estudada. Amostras formadas por universitários e alunos do ensino médio apresentaram uma estrutura fatorial favorável à interpretação de um componente de ansiedade e outro de depressão. Por outro lado, a amostra formada por militares em processo de avaliação favoreceu uma interpretação mais especifica dos IDATE-T, onde os dois fatores parecem estar associados à presença ou à ausência de ansiedade. Aspectos teóricos relacionados com a capacidade que instrumentos têm em distinguir constructos relacionados com ansiedade e depressão são discutidos.