As experiências místicas, embora sejam práticas de difícil definição, são o cerne do cristianismo bíblico e devem ser buscadas pelo fiel no contexto atual, onde há um esvaziamento da busca por uma espiritualidade atuante, causado pela secularização e pela independência de Deus. Com base em diversos teólogos e teólogas que escrevem sobre este tema e fundamentado na vida, nas obras e na teologia de Dietrich Bonhoeffer, este trabalho procura uma resposta quanto ao significado que as experiências místicas oferecem para os cristãos nos dias de hoje, no sentido de ajudá-los a viverem um cristianismo mais místico e profundo. A experiência mística cristã compreende a busca espiritual do fiel pela presença de Deus de maneira intencional, porém passiva, irresistível, incontrolável, indescritível e não mediada. Ela é o ápice das vivências espirituais e, ao mesmo tempo, o ato espiritual mais elementar. A oração é o elemento básico de todas as religiões e a contemplação é o que faz de toda experiência religiosa uma experiência mística em si. Dietrich Bonhoeffer propõe, por meio do conjunto de suas experiências de vida e de suas reflexões bíblico-teológicas, uma renovação da prática das experiências místicas, levando-as para o mais profundo da vida privada do fiel, com uma ênfase superior à prática disciplinada das experiências místicas, principalmente da oração e da contemplação. Suas principais propostas para o resgate da prática das experiências místicas de forma mais relevante são o (re)aprendizado das práticas espirituais e a vivência íntima dessas práticas numa atitude de invisibilidade, por meio da solitude.