A Cultura do Cancelamento é apresentada como um fenômeno presente nas interações sociais e digitais da modernidade tardia. O cancelamento acontece depois de ações ou afirmações que são consideradas inadequadas pelo público, ocasionando em sanções para aqueles que se encontram no centro da discussão. Neste processo, estão em jogo práticas sociais, tais como avaliação de posturas, rotulação, vigilância, julgamento, entre outras. Este trabalho tem por objetivo compreender como se dão os encontros e as relações sociais diante da perspectiva interacionista, e como os fenômenos sociais estão ligados à regulação do outro, se concentrando na tentativa de responder se o cancelamento é um fenômeno social, de fato, novo ou não. A metodologia adotada é a combinação dos métodos de revisão bibliográfica e estudos de caso. Serão analisados os casos dos ataques à influenciadora Gkay e do cantor Wilson Simonal. Foram compilados materiais jornalísticos e documentais em que as duas personalidades eram mencionadas, a fim de reconstruir a trajetória dos episódios. Além disso, em especial no caso de Gkay, foi possível a análise de métricas de publicações e buscas envolvendo seu nome. Apesar da época e do contexto no qual Simonal está inserido não haver o ambiente digital - a internet como conhecemos -, o estudo de seu episódio é fundamental para a construção da proposta desta pesquisa, que busca construir um terreno fértil de análise do comportamento social diante dos eventos nos quais ambos estão inseridos para concluir que a prática do cancelamento é algo que não começou por agora, sendo assim uma releitura de práticas sociais já existentes. Para isso, esta dissertação é embasada em teorias interdisciplinares, como as de Émile Durkheim, Erving Goffman, Michel Foucault e Howard Becker, e estudos das possíveis novas configurações da sociedade a partir da tecnologia.