Um acidente mecânico gera perdas humanas e/ou materiais, em geral. A causa dele pode culpabilizar ou não indivíduos envolvidos no funcionamento daquele sistema, seja no projeto, fabricação e montagem, seja na inspeção periódica, ou mesmo no seu manuseio. Judicializado o caso, se não há testemunhas, ou se as há, mas com conflitos de interesse, o Engenheiro Forense entra em cena e, tomando conhecimento do que se sabe a posteriori do fato, ligará a estas informações a história da vida que o resíduo material deixou registrada em si, e produzirá um laudo com parecer técnico do que parece ter ocorrido. Por isso, um bom Engenheiro Mecânico Forense deve ser também um bom estudioso de Fratografia, ou seja, da análise das características da fratura e o nexo causal provável entre o mecanismo causador da fratura do componente e a topografia da superfície fraturada. A Fratografia é um ramo vastíssimo de estudo, cujos registros iniciais remontam ao século XVI e que evoluiu para a atual Fratografia Eletrônica e Quantitativa, que permite relacionar, por exemplo, as marcas de estriamento com o provável ciclo de carregamento sofrido pelo componente. Neste trabalho, acidente real periciado, cuja falha mecânica deveu-se à fadiga, será revisitado e avaliado à luz de bibliografia específica: desde o entendimento do funcionamento original do sistema mecânico, passando por breve metalografia do material colapsado e depois por análise fratográfica e inferências físicas e matemáticas daí derivadas, até resultados e conclusões que - espera-se - acrescentem saber a profissionais que estejam aqui em busca de boas técnicas de análise para novos - e infelizes - acidentes.