As tecnologias digitais têm desempenhado um papel fundamental na redução das barreiras à internacionalização nas últimas décadas. Através de tecnologias digitais de comunicação (TDC) de baixo custo, tais como websites e plataformas de mídias sociais, empresas de todos os portes podem agora conectar-se facilmente com clientes de praticamente todo o mundo. Isso motivou muitas firmas a iniciarem sua internacionalização, principalmente através de exportações. No Brasil, o número de empresas que iniciam ou reiniciam suas exportações vem aumentando a cada ano, tendo crescido 76 por cento de 2013 a 2021, e a digitalização é provavelmente um fator que contribuiu para essa tendência. No entanto, muitas empresas não conseguem persistir na jornada internacional, e a cada ano cerca de um quarto da base de exportadoras brasileiras do ano anterior deixa de exportar. Esses dados do Brasil refletem dois fenômenos globais que têm conquistado crescente atenção acadêmica: a internacionalização digital e a desinternacionalização. Contribuindo para ampliar o conhecimento sobre tais fenômenos, este estudo teve como objetivo avaliar o uso de TDC por exportadoras brasileiras de micro e pequeno portes, classificando-as em função do uso dessas tecnologias e analisando a relação entre tal uso e a interrupção da atividade exportadora das firmas. Utilizando-se métodos quantitativos e dados coletados de uma amostra inicialmente composta por 601 empresas brasileiras de micro ou pequeno portes que exportaram, de forma contínua ou não, entre 2017 e 2021, foi desenvolvida uma taxonomia para classificar as exportadoras de acordo com o respectivo uso de TDC. Aplicando-se regressão logística, confirmou-se a relação inversa entre tal uso e a interrupção das exportações, sendo o uso de idiomas estrangeiros na comunicação digital uma variável significativa no modelo testado. Os resultados evidenciam a importância do uso de idiomas estrangeiros na comunicação digital da firma para que sua internacionalização seja duradoura.