Instigado a refletir sobre o papel das emoções na formação docente, nesta pesquisa, investigo como três professores no início de suas caminhadas profissionais, integrantes do mesmo grupo de reflexão que eu, os Letrados Emocionados, reconstroem discursivamente e entendem as emoções que perpassaram suas formações e atravessam sua prática docente. Por termos nos formado juntos na licenciatura e, portanto, acompanhado uns aos outros durante este processo, também analiso meus próprios afetos, a partir das vivências conjuntas do grupo de reflexão. Para isso, lanço mão de um posicionamento diverso, recorrendo aos conceitos teóricos da Linguística Aplicada Contemporânea em sua vertente indisciplinar (Moita Lopes, 2006; 2013; Miller, 2013), com apoio nos estudos das emoções (Zembylas, 2003; 2015; Le Breton, 2009; Rezende e Coelho, 2010; Palmer, 2012) e no sistema de avaliatividade, com enfoque no Subsistema Atitude e no domínio do Afeto (Martin e White, 2005; Nobrega, 2009; Nobrega, Griffo, Alves, 2022; Vian Jr., 2009). Também assumo um caráter exploratório, utilizando o viés reflexivo-teórico da Prática Exploratória como norteador da investigação (Miller et al., 2008; Allwright, Hanks, 2009) e a alinho ao paradigma da pesquisa do praticante (Allwright; Hanks, 2009), com entendimentos construídos colaborativamente sobre nossos afetos. Os dados analisados na pesquisa foram construídos a partir de conversas exploratórias (Miller, 2001; Maciel, 2021) realizadas com os participantes-colaboradores, gravadas e transcritas levando em consideração as convenções de transcrição de dados que tem por base os estudos de Análise da Conversação (Sacks, Schegloff, Jefferson, 1974), com a incorporação de símbolos propostos por Schifrin (1987) e Tannen (1989). Os resultados denotam o predomínio do Afeto de insegurança em relação à escolha pela licenciatura e ao início do curso, motivado principalmente pelas opiniões de senso comum lançadas sobre quem escolhe a carreira docente, mas também do Afeto de satisfação quando tratamos diretamente do espaço que tiveram para refletir sobre suas emoções ao longo da graduação e como perpetuam isto em suas práticas docentes. Os dados também levam ao entendimento da relevância da Prática Exploratória na formação de professores e como ela nos possibilitou enxergar e acolher nossas emoções, de forma a utilizá-las como força propulsora no processo de ensino-aprendizagem.