Não obstante o reconhecimento de que a lógica desenvolvida por Guilherme de Ockham é consideravelmente interessante tanto do ponto de vista histórico quanto filosófico, pouca atenção foi dada àquelas doutrinas lógicas que envolvem aspectos temporais. Este fato, por sua vez, constitui um obstáculo à compreensão integral da lógica ockhamista, já que acarreta uma série de controvérsias motivadas basicamente por interpretações parciais que menosprezam o papel desempenhado pelo tempo na lógica medieval. Com efeito, o presente estudo analisa o caráter temporal da lógica de Ockham a fim de contextualizá-lo junto às teorias lógicas do referido autor. Para tanto, reservou-se uma parte da investigação ao esclarecimento das noções fundamentais da lógica ockhamista e, em seguida, destinou-se outra parte à determinação da interação entre o tempo e tais noções. Neste contexto, evidenciou-se que a lógica concebida por Ockham é essencialmente temporal, pois o fato dela concentrar-se na análise da estrutura da língua latina, aliado ao reconhecimento de que a doutrina das proposições temporalmente flexionadas e a silogística temporal desenvolvida pelo referido autor apóiam-se numa teoria da suposição capaz de lidar com uma concepção ampla de significação, cujo domínio dos objetos significados encerra o que é ou poderia ser tanto no presente, quanto no passado ou no futuro, indica que até as noções fundamentais da lógica ockhamista presumem o caráter temporal da linguagem ordinária.