O estudo investiga experiências com o transtorno do espectro do autismo (TEA), em entrevistas com um jovem autista, sua mãe, o pai e a irmã, junto à pesquisadora-fonoaudióloga. Há revisão da literatura sobre o paradigma médico convencional e da neurodiversidade, além do autismo no contexto da família. O posicionamento teórico e analítico envolve dois eixos principais, a ordem da interação, com os conceitos de coconstrução, alteridade e estigmatização; a ordem da narrativa, com abordagem de narrativa canônica laboviana, pequenas narrativas e posicionamento. A abordagem metodológica é qualitativa e interpretativista, com entrevistas de pesquisa. Os resultados analíticos indicam a realização de narrativas por parte dos entrevistados, com utilização, em grande maioria, de narrativas não canônicas. O posicionamento de nível 1, 2 e 3 destacam-se como relevantes com cada participante. Do ponto de vista do autista, há inteligibilidades sobre normalidade e anormalidade com emergência de estigma e indicação da necessidade de inclusão social das pessoas autistas/neurodivergentes. Quanto aos membros da família, há diferenciações: a mãe se mostra como cuidadora do filho autista, após a aposentadoria; o pai se revela conhecedor do processo de diagnóstico do filho autista, a quem faz atribuições sempre positivas e a irmã se revela atuante em experiências profissionais com os direitos das pessoas autistas. A pesquisa busca contribuir com e para estudos sobre as percepções e construções da família sobre o TEA, a neurodiversidade, a inclusão social. Ressalta a importância da fala-em-interação em entrevista de pesquisa como forma de propiciar reflexão, ação e mudança.