Este artigo oferece uma perspectiva testemunhal sobre as chamadas Sociedades Legadas da Escravidão Africana e dos Antigos Impérios da Europa, com base em experiências vivenciadas nos Estados Unidos, no Brasil, na África do Sul e nas Ilhas Maurício durante a pandemia da Covid-19. O autor destaca desafios das abordagens neoliberais que aliam políticas públicas a iniciativas privadas como soluções paliativas que terminam por reforçar desigualdades previamente existentes em todos os campos sociais. Construções históricas moldam comportamentos de ceticismo e desconfiança de certas camadas da população em relação a políticas públicas de educação e saúde, já que, no passado, essas foram usadas como estratégias que reforçavam segregação e discriminação. Contudo, não considerar as particularidades das políticas públicas que devem ser destinadas ao público não branco também significa ignorar suas prerrogativas derivadas de situações específicas vividas e não universais. O autor finaliza sugerindo remédios para o enfrentamento desses desafios no sentido de promover justiça às populações legadas da escravidão africana.