A presente tese tem como objetivo identificar e analisar práticas pedagógicas voltadas para o desenvolvimento da consciência fonológica e consciência morfológica na alfabetização. O procedimento de produção dos dados ocorreu por meio de questionário on-line, com relato das professoras de suas práticas pedagógicas na alfabetização e respondentes que se prontificaram a participar da entrevista semiestruturada. Para análise qualitativa dos dados foi utilizado o software ATLAS.ti, organizando as produções em categorias, subcategorias e eixos de análise. Com isso, foi possível estabelecer dois estudos: no primeiro investigou-se a percepção das professoras sobre as dificuldades dos estudantes quando começam a aprender a escrever e as habilidades a serem desenvolvidas durante este processo. Os resultados indicam uma centralidade dirigida ao meio sociocultural, com apontamento para práticas de letramento no ambiente doméstico e escolar; os conhecimentos específicos, próprios do processo de ensino-aprendizagem, com destaque para a consciência fonológica e aspectos relacionados às emoções, no que tange ao medo e insegurança quando ocorre o erro do estudante no momento da escrita. O segundo estudo evidenciou a organização das práticas pedagógicas relatadas em um inventário que as caracteriza em cinco tipologias: práticas em consciência fonológica; práticas de ampliação de repertório cultural; práticas em leitura e escrita; práticas envolvendo diferentes áreas; e práticas em outros contextos. Não foram identificadas práticas para o desenvolvimento da consciência morfológica, o que pode ser um indicativo de lacuna na formação docente e, desse modo, o desconhecimento que essa habilidade contribui para a leitura e para a escrita de palavras mais complexas ortograficamente. A prática em consciência fonológica foi relatada por onze professoras, sendo a maior concentração em atividades voltadas para a subárea da consciência fonêmica e nenhuma dirigida para rima e aliteração. Os resultados deste estudo indicam que as professoras têm um conhecimento sobre a consciência fonológica e utilizam como estratégia no ensino de atividades lúdicas, principalmente, o jogo criado ou adaptado para o contexto específico da turma. Mas, apesar disso, foram poucos os relatos que indicaram o ensino estruturado, no sentido de uma sequência pela qual seja possível identificar as intencionalidades de onde partem e onde querem chegar com as atividades propostas. Tal constatação levanta a necessidade de mais investimento para a formação docente nesta área. A pesquisa também identificou que poucas professoras recorrem às tecnologias digitais para o ensino, algo diretamente ligado à baixa infraestrutura nas escolas.