Esta pesquisa tem por objetivo conhecer o surgimento das afro-pastorais no Brasil a partir do desenvolvimento das Teologia(s) Negra(s). A partir do Vaticano II, o mundo caminhou em direção a novos caminhos para diversas áreas de conhecimento, dentre elas a Teologia. Devido às viragens epistêmicas ocorridas no século XX, percebe-se o surgimento de novidades teológicas, a contar da ambientação contextual em que o ser humano está inserido. Este impacto antropológico se encontra com a estrutura racial que o mundo ocidental cunhou para dominação de povos ditos primitivos e inferiores, gerando a narrativa racial e, consequentemente, o racismo. Ainda que seja negado, o racismo perpassa as comunidades religiosas e a Igreja não está imune a ele. Urgiu a necessidade de uma teologia, nascida em contexto diaspórico, que afetasse essas marcas seculares de opressão. A Teologia Negra encontra-se nesse lugar e percebe-se teologias negras emergentes em diversos solos continentais, que influenciam umas às outras, como um grande quilombo mundial. Este cuidado coletivo nasce pela gestação de pastorais que, numa perspectiva cristológica, compreendem a Revelação pelo rosto do Cristo negro. Seja nos séculos das colônias, seja no pós-abolição, as afro-pastorais são lugar de acolhida e entendimento das (inter)subjetividades negras, que se dá no encontro da pessoa negra com a sua própria negritude perpassada pela fé cristã. Conclui-se que o nascimento da Teologia Negra sistematizada verbalizou o que já era vivido há épocas anteriores no Brasil no que tange a afro-pastoral, potencializou o que foi criado após a sua organização sistemática e afetará a Igreja de forma futura, trazendo um novo olhar para o objeto da Revelação e produzindo uma pastoral cada vez mais horizontalizada e descentralizada da figura sacerdotal.