Esta tese analisa o processo de escrita de alunos do terceiro e quinto anos do Ensino Fundamental, com foco nas ações de revisão realizadas. Investigamos em que medida as ações de revisão dos alunos dos dois grupos se diferenciam em termos quantitativos e qualitativos, em tarefas de revisão do próprio texto e em tarefas de revisão de textos escritos por seus pares. O referencial teórico adotado abarca estudos em Psicolinguística, Psicologia Cognitiva e Linguística textual. Foi realizado um conjunto de três atividades experimentais, que abordaram tanto a revisão de aspectos formais quanto de aspectos de conteúdo do texto. Os resultados obtidos indicam que a quantidade e o tipo de ação de revisão variam de acordo com o nível de escolaridade, o tipo de tarefa de escrita (enredo livre e reprodução de histórias conhecidas) e a familiaridade com texto (se o aluno revisa o próprio texto ou um texto produzido por um colega). Nas categorias estabelecidas para as ações de revisão, há diferenças expressivas tanto na comparação da frequência de revisão em cada categoria e também diferenças entre o grau de complexidade das ações propostas na mesma categoria. Quatro aspectos da revisão foram analisados de forma mais minuciosa neste trabalho, buscando examinar grau de refinamento entre ações de revisão: ortografia, pontuação, correferência e incoerências semânticas. Os resultados contribuíram para a elaboração de possíveis marcos de desenvolvimento associados ao expertise em escrita. Além da contribuição teórica relacionada aos estudos sobre desenvolvimento da escrita, esta tese possui um potencial aplicado, por meio da elaboração de uma matriz com habilidades associadas a aspectos linguísticos-textuais relevantes para o ensino da escrita ao longo do Ensino Fundamental, considerando as demandas cognitivas e linguísticas envolvidas na produção textual.