Este artigo tem como objetivo analisar o desempenho da Comunidade de Polícias das Américas (AMERIPOL) como um mecanismo de governança transgovernamental em matéria de prevenção e enfrentamento do crime organizado transnacional em uma das regiões do mundo mais afetadas pela questão. Para tal, é feita uma revisão minuciosa de fontes documentais produzidas desde a criação da AMERIPOL em 2007. Se utilizando de uma perspectiva institucionalista, o artigo parte de uma discussão teórica acerca das relações transnacionais e transgovernamentais dentro da disciplina de relações internacionais a fim de apresentar as ferramentas conceituais com as quais irá trabalhar. Depois, discutimos o fenômeno do crime organizado transnacional, cuja expansão é creditada como o principal motivo da ampliação dos mecanismos de cooperação policial. Estes são abordados de maneira mais ampla na seção seguinte para que posteriormente seja apresentado o funcionamento da AMERIPOL ao longo de quatro pontos: sua estrutura interna; suas influências internas; suas atividades desenvolvidas; e, sua relação com demais organismos internacionais. O artigo conclui que há pontos positivos e negativos na atuação da AMERIPOL. Nos pontos positivos, está sua capacidade de reunir diretamente funcionários dos corpos policiais membros, seu trabalho no estabelecimento de instrumentos que facilitem a troca informação, e a redução dos custos de transação dos contatos com a União Europeia. Quanto às suas deficiências, destacamos a desigualdade de participação dos membros, a ausência de um foco maior na questão do tráfico de armas em sua agenda, e a precariedade de sua prestação de contas à sociedade.