Esta dissertação tem como objetivo conhecer os coletivos parentais ou creches parentais, uma nova maneira de educar as crianças de 0 a 3 anos que vem ampliando seus adeptos na cidade do Rio de Janeiro. Embora a escola continue a ser vista como lócus privilegiado para a construção de saberes, já se reconhece que não é o único lugar para tal finalidade. No Brasil, algumas famílias têm se inspirado no modelo de coletivos parentais oriundo da França para pensar a educação de seus filhos, experiência que vem se formando no país há aproximadamente cinco anos. Os coletivos parentais são geridos pelas famílias e educadores para propor atividades enriquecedoras para a faixa etária, sem o afastamento das famílias. Este trabalho pretende então aprofundar os estudos sobre os coletivos parentais na cidade do Rio de Janeiro na tentativa de compreender a proposta, atores envolvidos, seus modos de funcionamento e práticas pedagógicas desenvolvidas. Para o desenvolvimento da pesquisa, buscou-se subsídios dentro do contexto da educação não formal, recorrendo à literatura nacional e estrangeira, dialogando com autores como Trilla e Arantes. Recorreu-se também aos estudos sobre a infância apresentados por Áries, Gélis e Kuhlmann, tendo em vista a invisibilidade histórica do atendimento destinado à faixa etária de zero a três anos e as lutas históricas em prol de um atendimento educacional de qualidade para esse público. Os recursos metodológicos utilizados foram: (i) aplicação de questionário online para famílias e educadores de coletivos parentais da cidade do Rio de Janeiro, com o intuito de mapear e delinear os coletivos parentais existentes; (ii) observação das atividades desenvolvidas em coletivos parentais; (iii) entrevistas semiestruturadas com famílias e educadoras envolvidas nessa experiência. A pesquisa permitiu identificar que a insatisfação com as propostas pedagógicas das creches e o desejo dos pais de participar ativamente da infância de seus filhos aparecem entre as motivações principais para a opção pelos coletivos parentais. Os coletivos parentais são formados majoritariamente por famílias de classe média alta, residentes na zona sul da cidade, e possuem educadoras contratadas atuando junto aos familiares. Foi também possível constatar que o livre brincar é valorizado e ganha força nas propostas pedagógicas dos coletivos parentais.