Este artigo possui como objetivo a compreensão da ascensão de movimentos populistas em democracias liberais ocidentais. Tendo isso em vista, pretende-se examinar a relação entre esse fenômeno e a globalização. Dessa forma, após a compreensão das características essenciais do populismo, busca-se a análise da forma como a globalização influi sobre o nível do doméstico. Sendo assim, são analisadas duas dimensões distintas da globalização – a econômica e a cultural – com o propósito de apreender os efeitos do papel da insegurança econômica e existencial sobre a ascensão desses movimentos que buscam a contestação da ordem democrática. A globalização econômica, caracterizada pela desregularização financeira e abertura comercial, somada aos avanços tecnológicos, acentua de maneira significativa a desigualdade de renda em economias avançadas, auxiliando no aumento da distância econômica entre os trabalhadores e os super-ricos. A globalização cultural, por sua vez, contribui para a sensação de insegurança existencial de atores que - diante de fluxos migratórios compostos por indivíduos etnicamente e racialmente distintos - sentem que sua cultura está sob ameaça e que identificam que seus valores nacionalistas tradicionais estão sendo deslocados por valores progressistas pautados pelo cosmopolitismo e pelo multiculturalismo. Por fim, é reconhecida a pertinência da relação entre a globalização e a emergência de movimentos populistas, mas admite-se que um fenômeno tão complexo não possui uma causa exclusiva. Nesse sentido, deve-se exercitar a busca pela compreensão das frustações e insatisfações de parcela relevante do público eleitoral de países que foram sinônimo de estabilidade democrática e que hoje testemunham a ascensão de líderes autoritários.