Este trabalho tem como ponto de partida a crítica aos pressupostos racionais presentes nas teorias da cognição infantil e seu desenvolvimento, que têm como característica a abstração descontextualizada como telos e condição do desenvolvimento. Realizando um review de pesquisas contemporâneas no campo da cognição e de modo específico pesquisas que tratam da questão da representação, busca conceitos presentes nestas pesquisas para traçar linhas mestras de uma abordagem da cognição como situada em contextos culturalmente constrangidos. Considerando como foco da pesquisa as representações espaciais e o desenvolvimento de noções relativas a este campo, busca compreender os objetos culturais em sua historicidade como constitutivos dos contextos e das mudanças cognitivas que ali são possibilitadas. Em três estudos realizados em contexto de uma escola pública de Petrópolis, interior do Rio de Janeiro, articula os conceitos das diferentes teorias consideradas e constrói uma base de dados que afirma a possibilidade da consideração da situacionalidade da cognição, analisando os processos de mudanças nas representações infantis ocorridas nestes contextos a partir da interação sobre ferramentas culturais - linguagem e representações espaciais. Afirmando como centrais nesta abordagem os conceitos de apropriação e recontextualização de bases diversas de conhecimentos para a construção situada de novos conhecimentos, apresenta o conceito de zona de amplificação cultural, referida às relações interativas e construtivas de conhecimentos que possibilitam os objetos culturais, quando de sua inserção em contextos escolares. O trabalho afirma a relação indissociável entre cultura, linguagem e cognição no desenvolvimento infantil, propondo uma abordagem teórica pela qual o desenvolvimento humano e cultural possa ser compreendido, tomando em conta sua contextualidade social, histórica e cultural.