O presente estudo teve como objetivo investigar como o fim da relação conjugal interfere no exercício do papel de pai e quais os desdobramentos dessa experiência na vida dos filhos, abordando particularmente o afastamento da figura paterna após o divórcio. Considerando que a família tradicional não representa mais o modelo predominante na sociedade, em função do surgimento de novos arranjos familiares apoiados em mudanças sociais, culturais e de comportamento relativamente recentes, observam-se modificações significativas nas relações entre homens e mulheres que, por sua vez, também repercutem no desempenho dos seus papéis parentais, especialmente no tocante à participação paterna na vida dos filhos. Teorias psicológicas associam a grande importância da atuação do pai no desenvolvimento da criança e na estruturação do psiquismo infantil, tendo a psicanálise apontado a figura paterna como o elemento fundamental que irá separar o intenso vínculo inicial entre a mãe e o bebê, passando a representar um princípio da realidade, identificação tão necessária para a formação da personalidade do filho e sua evolução social e cognitiva. Com a institucionalização do divórcio, o número de separações aumentou consideravelmente, afetando a família como um todo e exigindo, com o decorrer do tempo, a construção de novas formas de convívio. Na eventualidade de uma separação conjugal complicada, em que o processo de luto não tenha sido elaborado, questões do ex-casal podem ser deslocadas erroneamente para as funções parentais. Nesse contexto, o exercício da coparentalidade fica ameaçado e o lugar do pai, cuja importância é reconhecida, pode ficar comprometido, trazendo complicações de várias ordens para os filhos.