Este estudo tem como objetivo investigar, a partir do relato de pacientes com diagnóstico de bulimia nervosa, o papel da família na evolução e no tratamento deste transtorno alimentar. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, com seis mulheres acometidas por bulimia nervosa, com idades entre 19 e 32 anos, pertencentes às camadas médias e altas da população carioca. Todas as entrevistadas estavam em tratamento com equipes especializadas em transtornos alimentares. Inicialmente, foi realizado um estudo teórico a respeito das características da bulimia nervosa e das famílias com um membro com transtorno alimentar, incluindo a evolução do tratamento familiar. Esse estudo fundamentou a análise das entrevistas e, posteriormente, a elaboração de seis categorias. Por meio da análise dos relatos das entrevistadas, evidenciou-se que a maioria delas associou diretamente os seus sintomas alimentares a questões familiares, apontando para situações específicas ou recorrentes, nas quais buscaram refúgio e apoio na comida. A partir da análise dos relatos das entrevistadas, concluiu-se ser de extrema importância o envolvimento da família no tratamento da bulimia nervosa para que as questões relacionadas à dinâmica disfuncional desse sistema sejam elaboradas e, com isso, a paciente possa apresentar melhoras em seus sintomas.