O Sócrates de Platão é um filósofo misterioso. Com sua famosa ironia, ele se esquiva e dissimula suas intenções, se mostrando e se escondendo a cada passo. Desta feita, observamos que Platão, em seu teatro filosófico, mascara seu principal personagem, de forma que muitas são as facetas e imagens associadas a Sócrates. Nesse sentido, Sócrates, que representa também, possivelmente, a grande máscara platônica ao longo dos diálogos, é o mascarado maior de Platão. Nesse jogo de mascaramento, Platão pode preservar sua posição como autor, ao passo que cria um labirinto hermenêutico em torno da figura socrática, que, a princípio, seria o representante de suas ideias, como muitos interpretam. Com isso, Platão se mascara em Sócrates, que por sua vez é mascarado pelo próprio Platão ao longo dos diálogos. Em nosso artigo buscaremos destacar o jogo platônico de mascaramento, e, em especial, as máscaras dadas a Sócrates, contidas especificamente no Banquete, que são, a saber: a máscara de Dioniso, representada principalmente pela relação com os sátiros e silenos e a máscara de Eros, apresentada por Diotima, que é facilmente associada ao filósofo em questão.