A mente humana sempre foi alvo de perplexidade e intrigante curiosidade devido à sua grandeza e complexidade. Atualmente, quando a psiquiatrização e a medicalização se apropriam do discurso cotidiano, jamais foi tão necessário à psicanálise seguir o apelo freudiano e se debruçar obsessivamente sobre a estrutura intrapsíquica. Freud foi o primeiro a conferir conteúdo teórico à antiga clínica das obsessões, situando a doença no registro da neurose e também fazendo dela, frente à histeria, o segundo componente da estrutura neurótica humana. A histeria sempre esteve associada ao universo feminino, enquanto a neurose mais ao do masculino. Todavia, a partir do século XIX, esse panorama tem sofrido consideráveis alterações. A contemporaneidade trouxe para a mulher, entre outras coisas, uma série de conquistas não apenas em termos profissionais, mas em muitos aspectos da sua vida, inclusive no campo da sexualidade a diferença de gênero diminuiu consideravelmente e, com ela a possibilidade de uma inversão de papéis até então impensáveis. Falar da neurose obsessiva é recorrer à Freud que fornece elementos para a compreensão dessa estrutura e a melhor forma de lidar com ela dentro da clínica psicanalítica. O presente estudo tem como objetivo identificar, descrever e discutir os principais conceitos relacionados à neurose obsessiva, segundo a teoria psicanalítica; bem como associar e analisar os referidos conceitos através dos aspectos observados no caso clínico de uma mulher assistida no Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) do curso de Pós-Graduação em Psicologia Clínica, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).